quarta-feira, 24 de março de 2010

FILMES PARA TRABALHAR EM SALA DE AULA

 Escritores da Liberdade

Quem é você? E as pessoas com as quais todo o dia interage? Com que profundidade conhece os seus colegas de trabalho? Se atua em educação, quais são as informações que possui a respeito de seus alunos? Normalmente temos apenas uma visão superficial e pouco clara da maior parte dos relacionamentos que estabelecemos ao longo de nossas existências. E será que estamos preocupados com isso?

Em se tratando de escolas, por exemplo, em muitos casos parece que o nosso único dever é o de ministrar aulas, passar conteúdos, preencher cadernetas, corrigir provas, cumprir cronogramas e planejamentos. O que não parece muito diferente daquilo que acontece em tantos outros setores produtivos da sociedade, sejam eles hospitais ou escritórios, fábricas ou lojas,...

Bater cartão, cumprir responsabilidades variadas, entregar resultados e atingir metas. Viver dentro de um sistema em que a meritocracia é o principal indicador de valor social nos distancia cada vez mais uns dos outros e, aos poucos, vai minando (a ponto de destruir em certos casos) a nossa humanidade. Devo esclarecer, dede já, que não sou contrário à produtividade, ao ganho, ao crescimento profissional e ao desenvolvimento econômico de pessoas, empresas e países.

No entanto creio que todos têm que ponderar questões e situações do mundo real que afetam a coletividade e que colocam barreiras e criam problemas a nossa existência. O debate sobre o aquecimento global, por exemplo, é um caso mais do que premente e fundamental para a existência de todas as formas de vida residentes nesse planeta. Da mesma forma, enquanto não nos preocuparmos sinceramente uns com os outros, iniciando essa ação a partir das pessoas que nos são mais próximas e presentes, como podemos imaginar que as questões globais poderão ser resolvidas?

“Escritores da Liberdade”, filme do diretor Richard LaGravenese, estrelado pela talentosa atriz Hillary Swank (duas vezes premiada com o Oscar, pelos filmes “Menina de Ouro” e “Meninos não choram”), baseado em história real, nos coloca em contato com uma experiência das mais enriquecedoras e necessárias. Sua trama gira em torno da necessidade de criarmos vínculos reais em sala de aula, conhecendo nossos alunos, despertando para suas histórias de vida, entendendo o que os motiva a ser as pessoas que são.

Emocionante relato de uma experiência bem-sucedida que ainda está em desenvolvimento, “Escritores da Liberdade” tem tudo para se tornar um novo libelo do cinema em prol da educação mais efetiva (como “Sociedade dos Poetas Mortos” ou “A corrente do Bem”), onde se respeitam alunos e professores e também em que as pessoas se percebem em suas particularidades e se permitem construir, conjuntamente, como aliados, um futuro melhor para todos. Imperdível!

Cansada do trabalho em empresas que desenvolvia até aquele momento e desiludida quanto às possibilidades de crescimento e realização pessoal naquele âmbito profissional, a jovem Erin Gruwell (Hillary Swank) resolve mudar de ares e dedicar-se à educação. Assume então uma turma de alunos problemáticos de uma escola que não está nem um pouco disposta a investir ou mesmo acreditar naqueles garotos.

A pecha de turma difícil, pouco afeita aos estudos e que vai à escola apenas para “cumprir tabela” se mostra, no começo da relação entre a nova professora e os alunos, uma realidade. O grupo, formado por jovens de diferentes origens étnicas (orientais, latinos e negros), demonstra intolerância e resistência à interação, preferindo isolar-se em guetos dentro da própria sala de aula.

A nova professora é vista por todos como representante do domínio dos brancos nos Estados Unidos. Os estudantes a entendem como responsável por fazer com que eles se sujeitem à dominação dos valores dos brancos perpetrados nas escolas. Suas iniciativas para conseguir quebrar essas barreiras aos relacionamentos dentro da sala de aula vão, uma a uma, resultando em frustrações.

Apesar de aos poucos demonstrar desânimo em relação às chances de êxito no trabalho com aquele grupo, Erin não desiste de sua empreitada. Mesmo não contando com o apoio da direção da escola e dos demais professores, ela acredita que há possibilidades reais de superar as mazelas sociais e étnicas ali existentes. Para isso, cria um projeto de leitura e escrita, iniciado com o livro O Diário de Anne Frank, em que os alunos poderão registrar em cadernos personalizados o que quiserem sobre suas vidas, relações, interações, idéias de mundo, leituras...

Ao criar um elo de contato com o mundo, Erin fornece aos alunos um elemento real de comunicação que lhes permite se libertar de seus medos, anseios, aflições e inseguranças. Partindo do exemplo de Anne Frank, menina judia alemã, branca como a professora, que sofreu perseguições por parte dos nazistas até perder a vida durante a 2ª Guerra Mundial, Erin consegue mostrar aos alunos que os impedimentos e situações de exclusão e preconceito podem afetar a todos, independentemente da cor da pele, da origem étnica, da religião, do saldo bancário.

“Escritores da Liberdade” é uma fabulosa história de vida que nos mostra como as palavras podem emancipar as pessoas e de que forma a educação, a cultura e o conhecimento são as bases para que um mundo melhor realmente aconteça e se efetive.



Desafiando Gigantes
Quem nunca teve que enfrentar grandes desafios na vida? A diferença entre o vencedor e o perdedor pode estar em sua fonte de apoio. Em seis anos como técnico de futebol americano de uma escola, Grant Taylor não consegue levar seu time, o Shiloh Eagles, a uma temporada de vitórias. Por isso, todos começam a vê-lo como um derrotado e a direção da escola pensa em demiti-lo.

Em casa, as dificuldades também o jogam mais para o fundo do poço. A esposa quer muito ter um filho e, depois de alguns exames, o casal descobre que o problema está com ele. Como os tratamentos de fertilidade são caros, a idéia do filho é deixada de lado. Depois de tantos reveses, o pensamento de desistir de tudo lhe passa pela cabeça. Até que um visitante inesperado o desafia a acreditar no poder da fé. E é na oração e na leitura da Bíblia que Taylor descobre a força da perseverança para vencer.

Depois de descobrir que a Bíblia pode ser a solução para sua vida, Taylor passa a usá-la no trabalho, contagiando os jovens que treina e promovendo mudanças na vida deles também.

A direção é de Alex Kendrick (que também é o ator principal) e a distribuidora é a Sony Pictures. Mesmo quem não entende nada de futebol americano (ou ache o esporte muito violento, como é o meu caso), pode se emocionar com essa produção que relaciona a fé em Deus às lutas e situações do dia-a-dia.

Embora certas situações e o desempenho dos atores deixem um pouco a desejar em alguns momentos, a produção tem qualidade comparável à dos típicos filmes hollywoodianos. A trilha sonora também ajuda bastante.

Dá para se promover boas discussões sobre fé prática, estudo da Bíblia, oração e testemunho.



O Náufrago
Chuck Noland (Tom Hanks) é um inspetor da Federal Express (FedEx), multinacional encarregada de enviar cargas e correspondências, que tem por função checar vários escritórios da empresa pelo planeta. Porém, em uma de suas costumeiras viagens ocorre um acidente, que o deixa preso em uma ilha completamente deserta por quatro anos. Com sua noiva (Helen Hunt) e seus amigos imaginando que ele morrera no acidente, Chuck precisa lutar para sobreviver, tanto fisicamente quanto emocionalmente, a fim de que um dia consiga retornar à civilização.


Homens de Honra
Promessas de filho para pai, persistência, honra e glória. Temas recorrentes na literatura e no cinema. De tempos em tempos, porém, alguém requenta os velhos clichês de maneira eficiente, já que uma lição de vida não faz mal a ninguém. Baseado na história real de Carl Brashear, "Homens de Honra" (EUA, 2000) mostra o velho embate entre o recruta e o oficial na Marinha, mas fica degraus acima de seus similares, em boa parte graças às interpretações na medida de Robert DeNiro e Cuba Gooding Jr.

Situada nos anos 40, a história mostra as esperanças de Carl (Gooding), filho de um lavrador humilde, em ser alguém na Marinha. Porém, ao chegar no navio, descobre que os negros são recrutados somente para trabalhar na cozinha. Banhos de mar, para os oficiais "de cor", somente às segundas-feiras. Eis que Carl, um belo dia, resolve tomar banho fora do horário determinado e mostrar aos superiores seus dotes como nadador. Após ser preso, consegue, com a ajuda do capitão Pullman (Powers Boothe), uma vaga como marinheiro salva-vidas.

Seu sonho, porém, é ser mergulhador da Marinha. Após dois anos de tentativas, consegue chegar à obscura escola de mergulho, comandada por Leslie Sunday (DeNiro). Lá, seguem-se as cenas de praxe, entre elas a que todos os outros recrutas deixam o alojamento no momento em que Carl entra. Claro que sobra para ele um amigo, o tímido e gago Snowhill (Michael Rapaport). Não há dúvida de que o filme mostra Carl como a pessoa mais perfeita e determinada do mundo, além do melhor mergulhador que a Marinha americana já teve...

Uma curiosidade no elenco é a presença de Charlize Theron, uma das jovens atrizes de maior prestígio no cinema atual. Charlize tem uma pequena participação, como a jovem esposa de Robert DeNiro. Mas suas cenas não são lá essas coisas.

Nunca se sabe, em filmes baseados em história real, o quanto há de verdade. Mas o preconceito não é atenuado pelo diretor George Tillman Jr., que, aliás, também é negro. Este é o segundo filme do cineasta, que estreou com o igualmente melodramático "Sempre aos Domingos", que enfoca a tradição do almoço dominical de uma família afro-americana.

Apesar de "formulaico" e longo demais, o roteiro acerta em cheio no desfecho, que, claro, ocorre em um tribunal militar. Após perder uma perna em acidente, Carl é obrigado a andar com uma roupa de mergulho com mais de 100 quilos para provar que ainda é capaz de continuar na profissão. E você pensava que sua vida era um calvário...


"Meu Nome é Rádio": as várias faces do preconceito
Apesar de afirmarmos que respeitamos as diferenças e não somos preconceituosos, a questão da discriminação e da intolerância mútua é uma realidade em nosso mundo e em nosso país também. Infelizmente, os discursos de igualdade não passam de mera falácia. É por isso que o filme "Meu Nome é Rádio" (2003, direção de Michael Tollin) não perde a atualidade e aborda a questão do preconceito em relação a pessoas portadoras de necessidades especiais e que apresentam maneiras diferentes de aprendizagem.

Além de uma bela atuação de Cuba Gooding Jr, a trama expõe o lado discriminador de todos nós. A abordagem ocorre em torno da incapacidade humana de compreender o seu próximo, respeitá-lo e verdadeiramente apoiá-lo para que consiga ter uma convivência saudável com aqueles que o rodeiam. Recheado de cenas emocionantes e sem a violência barata e banal que permeia a maioria dos filmes cuja temática é o preconceito, "Meu Nome é Rádio" é baseado em uma história real. Traz à tela a história de personagens de "carne e osso" que viveram na pele as várias faces do preconceito em uma sociedade que teima em se diferenciar e não em se unir para crescer.

Lutero
"Lutero" (Alemanha, 2003), versão cinematográfica sobre a vida de Martinho Lutero, o grande reformador do século XVI, é a produção de uma associação de cunho eclesiástico, Thrivent for Luterans. Filmada em 2003, conta com a direção de Eric Till, experimentado cineasta, e a participação de grande elenco de estrelas, dentre as quais se destaca a lendária figura de Peter Ustinov, no papel de Frederico da Saxônia.

O filme em si, segundo o princípio pedagógico que sustenta a idéia de que a aprendizagem pelo ouvir aumenta em proporções maiores pelo ver, já é uma significativa contribuição ao conhecimento histórico daquela fase do Cristianismo. Nesta resenha, não se pretende estruturar uma crítica dos elementos e recursos da dramaturgia que envolvem a encenação; mas destacar alguns aspectos históricos e teológicos, que por divergência ou omissão, se prestam a tal finalidade.

** LUTERO DIVIDIU A IGREJA?

No filme, a figura de Lutero ressalta na projeção de quase todas as cenas gravadas. Começa com a decisão de se tornar monge, ao sofrer os efeitos aterradores de uma seqüência de raios a cair no campo que ele atravessava. Seu martírio, nas cenas de auto-flagelação, corroboram a luta de consciência que experimentava por causa do sentimento de culpa. Seu reconhecimento sobre os méritos de Cristo, como causa única de perdão, o levam a contrariar as propostas do papado, de salvação mediante a venda de indulgências. Dessa maneira, Lutero torna-se o líder de multidões, enfrentando com coragem as pressões políticas da autoridade Real e da Igreja; apesar da fisionomia calma, quase impassível, que mostra em todo momento o ator que o representa.

Esses fatos, encenados dessa maneira, parecem confirmar o propósito dos idealizadores - o qual está claramente exposto no cartaz principal do filme, com os seguintes epítetos: “O Homem que Mudou o Mundo”, e “O Homem que dividiu a Igreja”.

Ninguém duvida que Lutero tenha sido o grande reformador da Igreja; mas, que ele e só ele tenha efetuado essa obra, é, no mínimo, ignorar o papel desempenhado por dois movimentos que o precederam, cuja função foi a de aplainar sua estrada de atuação. Esses dois movimentos foram a Pré-reforma e o Humanismo.

A Pré-reforma não foi um movimento unificado que apresentasse características típicas de uma organização social. Foi, sim, a contribuição individual, algumas vezes o clamor de eremitas emitindo vozes para os quatro ventos, clamando por uma nova forma de religiosidade. A Pré-reforma foi o despertar de uma nova aurora tanto racional como religiosa com a finalidade de tornar a Igreja uma sociedade capaz de manter comunhão com Deus e cumprir sua missão.

Enumerar esses paladinos da nova esperança é só uma tentativa obstinada de manter na memória alguns personagens como Cláudio de Turim, Pedro de Bruys, Arnaldo de Brescia, Pedro Valdo, Tanquelmo, Eudo de Estela, Pedro Grossetete, Wicleff, João Hus, Savonarola - alguns dos quais testemunharam suas aspirações com a própria vida.

Não menos relevante e oportuno, para o processo de reforma, foi o movimento filosófico literário denominado “Humanismo”. Embora as pretensões das principais figuras desse movimento não tivessem o ideal de religiosidade, suas obras foram um desafio e acusação contra o autoritarismo e corrupção do papado. Figuram entre esses autores: Francesco Petrarca, cujas obras escritas em latim condenavam a corrupção do clero; Giovanni Boccaccio, autor de Decamerone, obra de humorismo anti-clerical; Tomas Morus, que deixa transparecer seus desejos de reforma com suas obras Utopia e Restitutio Christianismi; Francesco Fillelfo, que propõe na sua obra Theologia Platonica da Immortalitate Animorum uma nova fórmula de salvação; Dante Alighieri, com sua Divinita Commedia, condena ao inferno vários prelados da Igreja; Erasmo de Rotherdam, contemporâneo de Lutero, escreveu Moriae Encomium, uma sátira contra o clero.

 
Fonte: bonsfilmes


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